Editorial
Lumen Veritatis
Resumen
Em tempos de incerteza, a luz das sãs certezas acaba sendo como um potente farol que guia os navios numa noite de tempestade, em meio ao mar bravio. Eis que o atual número da Lumen Veritatis traz valiosas contribuições acadêmicas ancoradas na Verdade Eterna, revelada e natural, servindo de subsídio para todos os “cooperatores Veritatis” em seu labor pastoral, acadêmico ou catequético.
O primeiro artigo é da autoria do Prof. Alejandro de Saint’Amant, professor do ITTA, que aborda o apaixonante relato da vocação de Isaías no contexto profético do Antigo Testamento. Com clareza e concisão, o texto apresenta uma noção completa e profunda do chamado do profeta, sendo, assim, valioso contributo para aulas e homilias, sem negligenciar seu enfoque espiritual com apreciáveis incentivos para a vida sobrenatural.
“La iluminación en Las Confesiones de Agustín de Hipona” é o título do segundo artigo desta edição, no qual se trata, com acurada inteligência, do longo e luminoso caminho de procura da verdade conduzido por Santo Agostinho e as conclusões às que chegara. Finalmente, deixa-se entrever o labor de síntese e acabamento nessa matéria, levada a cabo pelo Aquinate, a partir das intuições geniais do Bispo de Hipona.
Diego Augusto Gonçalves Ferreira e José Adriano de Oliveira traçam um interessante percurso, partindo da concepção tomasiana de razão nos oito primeiros capítulos da Summa Contra Gentiles, desembocando numa crítica ao pensamento líquido atual, filho do relativismo. Desse modo, sustentam a atualidade do pensamento do Aquinate e sua missão de recuperar os verdadeiros conceitos de homem à luz da razão e da teleologia.
É possível odiar quando se ama? A pergunta justifica-se plenamente à luz dos ensinamentos da Escritura. Todavia, no artigo do Prof. Roberto Merizalde, explica-se como São Tomás, sem contradizer a fonte da Revelação, demonstra ser o ódio conatural ao amor, como o reverso da mesma medalha. Só desse modo se entendem certas atitudes do próprio Cristo, como a expulsão dos vendilhões do Templo e muitos outros fatos edificantes narrados na Bíblia.
A anterioridade do Direito Consuetudinário é uma das teses do Dr. Angélico; demonstra-o o Prof. Ramón Ángel Pereira. Para o Autor, São Tomás sustenta que uma ação repetida pela multidão, sempre que respeite o direito divino e natural, possui um valor antecedente aos decretos do príncipe, pois este tem a função de ser o fiel intérprete dos retos desejos do povo que governa. Assim, as leis nascidas dos costumes são a aplicação da lei natural segundo as circunstâncias de tempo e de lugar.
E“pour finir”, os leitores poderão deleitar-se com o completo, documentado e claríssimo artigo do Prof. Leonardo Barraza Aranda, sobre a centralidade da “ fama sanctitatis” nos processos de canonização, de modo particular, em sua fase diocesana. Distingue também o autor o culto público do privado, favorecendo a compreensão de que a difusão da devoção dos defuntos, estimados santos pelo povo, é plenamente aceita e até incentivada pela Igreja, desde que permaneça sempre nos limites do culto privado.
Deixamos ao caro leitor o prazer da leitura.
